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Acesso à Habitação para jovens até 35 anos: Benefícios e Limitações

15/12/2025

O artigo analisa as principais medidas recentes na área da habitação, destacando a isenção de IMT e a redução da retenção de IRS como apoios importantes para os jovens. Salienta, no entanto, que estas medidas perdem eficácia enquanto as tabelas de IMT não refletirem os preços atuais do mercado.

O texto chama ainda a atenção para a utilização pouco eficiente das habitações existentes, evidenciada pelos dados dos Censos 2021, e para o impacto ambiental do setor habitacional. Defende a promoção da mobilidade habitacional, a melhoria da eficiência energética e a necessidade de pagamentos mais rápidos do Fundo Ambiental. Conclui que só uma abordagem integrada permitirá responder de forma eficaz aos desafios da habitação em Portugal.

O conjunto de medidas recentemente aprovadas para a habitação representa um avanço importante, sobretudo no apoio aos mais jovens. A isenção total de IMT na compra de primeira habitação até 316.272 euros, assim como a isenção parcial até 633.453 euros, facilita o acesso à casa própria e reduz os custos iniciais da compra. Ainda assim, este benefício perde impacto enquanto as tabelas de IMT continuarem desajustadas da realidade atual do mercado imobiliário, onde os preços têm vindo a aumentar de forma significativa.

A fiscalidade é um dos pontos centrais deste debate e tem efeitos diretos no dia a dia das famílias. A aplicação de uma taxa máxima de 15% na retenção de IRS permite aumentar o rendimento disponível mensal, ajudando a equilibrar o orçamento e a criar alguma margem financeira. Para muitos jovens, esta medida pode ser determinante na gestão das despesas mensais e fazer a diferença entre continuar a arrendar ou avançar para a compra de habitação.

Para além do acesso à casa, importa refletir sobre a forma como o parque habitacional está a ser utilizado. Os dados dos Censos 2021 mostram que cerca de 63,6% das habitações em Portugal estão sublotadas, o que revela um uso pouco eficiente das casas existentes. Esta realidade tem também impacto ambiental e económico, sobretudo quando se sabe que os edifícios representam cerca de 30% do consumo energético. Uma melhor ocupação das habitações pode contribuir para reduzir custos e promover uma maior sustentabilidade.

Neste contexto, faria sentido alargar a isenção de IMT a situações de mudança de habitação para um imóvel mais adequado ao agregado familiar. Incentivar estas trocas poderia melhorar a distribuição das casas disponíveis e facilitar a mobilidade habitacional ao longo da vida. Ao mesmo tempo, permitiria reduzir a pressão sobre a construção nova, promovendo uma ocupação mais equilibrada do território.

A eficiência energética é outro ponto essencial neste debate. Muitos proprietários reconhecem a importância de melhorar o desempenho energético das suas habitações, mas enfrentam dificuldades financeiras para avançar com as obras necessárias. A falta de rapidez nos pagamentos do Fundo Ambiental acaba por atrasar intervenções importantes, tornando evidente a necessidade de processos mais céleres, simples e ajustados à realidade económica das famílias.

Conclusão

Fica claro que as medidas fiscais, por si só, não são suficientes para resolver os problemas da habitação. O desafio da habitação em Portugal exige uma visão integrada, que ligue fiscalidade, mobilidade habitacional, sustentabilidade ambiental e condições de emprego. Só com uma abordagem mais coerente e abrangente será possível criar soluções duradouras e melhorar as condições de vida, especialmente para as gerações mais jovens.